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Capoeira divulgação
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12º Encontro Goiano de Capoeira Angola e Samba de Roda e Festival Goiano de Capoeira Angola reúne, em Goiânia, Notáveis Mestres Capoeiristas.


De 09 a 11 de setembro de 2016 acontece em Goiânia a 12ª Edição do Encontro Goiano de Capoeira Angola e Samba de Roda e Festival Goiano de Capoeira Angola, que reúne importantes personagens da cultura afro-brasileira.

 

por Ana Paula Mota

 
O evento recebe como parceiro o Festival Goiano de Capoeira Angola, o que multiplica seu alcance junto ao público. A programação conta com a presença de Mestres Capoeiristas de Goiás e da Bahia, e com legítimos representantes do Samba de Roda da Bahia. O projeto é realizado pela Associação de Capoeira Angola do Estado de Goiás e Grupo Só Angola, em parceria com a Balaio Produções Culturais.

O evento conta com recursos do Fundo de Arte e Cultura do Estado de Goiás e Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Goiânia.

Oficinas, debates, rodas de capoeira, shows e apresentações de Sambas de Roda convidam o público para momentos de diversão e reflexão. Para falar de Capoeira Angola e de Samba de Roda é preciso estar atento aos movimentos e cores do corpo brasileiro, formado ao longo de cinco séculos de miscigenação. Para traduzir estas tradicionais manifestações é preciso ir ao encontro de um passado recente, de pessoas que ofereceram sangue e suor para manter viva a honra de seu povo, a força de sua fé e a riqueza de sua cultura.

O jogo, a música, a dança, a luta, os trajes, as representações, foram e continuam sendo uma celebração à vida e às histórias de gerações de povos negros. Os Mestres e os Sambadores, forjados nesse caldeirão, são os responsáveis pela transmissão dessa ancestralidade.

  

Convidados

 Entre os convidados destacam-se: Mestre Boca Rica (BA), 80 anos, que iniciou sua prática na capoeira na década de 1950, com o Mestre Pastinha. Ele foi o grande influenciador na formação de capoeirista angoleiros que hoje conduzem grupos de capoeira angola no Estado de Goiás; Mestre João do Boi (BA), 68 anos, mestre de Samba Chula, que aprendeu com os pais e com as rodas a “gritar” e tocar samba e lidera junto com seu irmão Alumínio o Grupo Samba Chula São Braz (BA). São Braz é uma comunidade de pescadores e marisqueiros localizada em Santo Amaro, que mantém o samba vivo, de geração em geração, desde os tempos da escravidão.

O trabalho do grupo, oficializado em 1995, já foi visto no Brasil e no exterior; Angoleiros do Samba (GO), grupo formado a partir do Ponto de Cultura Buracão da Arte, que resgata a musicalidade da cultura afro-brasileira, como o samba de roda, samba de viola, samba de umbigada e a chula; Mestra Jararaca (BA), 42 anos, 1ª Mestra consagrada em Capoeira Angola no Brasil, que desde os 11 vive a Capoeira Angola, sendo pupila dos Mestres João Pequeno (discipulo de Mestre Pastinha) e Mestre Curió.

 

28 anos do Grupo Só Angola

 Em Goiânia, o 12º Encontro Goiano de Capoeira Angola é um instrumento de valorização e preservação de tradições negras. Sua história de 12 anos está ligada ao trabalho da Associação de Capoeira Angola do Estado de Goiás (Grupo Só Angola), fundada em 1988.

Em 2011, tendo à frente Mestre Vermelho e Mestre Caçador, a Associação se tornou o Ponto de Cultura Buracão da Arte, uma instituição que garante à população de regiões periféricas da cidade o acesso às ferramentas de formação cultural e cidadã. Aulas de capoeira angola, de percussão, de construção de instrumentos, de dança afro, de teatro, ensaios de samba de roda e uma biblioteca temática, aberta ao público, fazem parte do portfólio desse "Ponto" de transformação social, instalado na região Leste da capital.

O trabalho do Só Angola e de seus Mestres tem sido o de valorizar e preservar a capoeira e o samba herdados de seus antepassados negros, cumprindo o propósito de repassar às futuras gerações a filosofia e os ensinamentos dessas manifestações artísticas e culturais.

 

 

Um Mestre do Cerrado

Mestre Vermelho, de 51 anos, iniciou seus estudos em Goiânia no ano de 1983, com o Mestre Zumbi, na academia Cordão de Ouro. Em 1985 desenvolveu um trabalho de capoeira e educação física junto ao Centro Comunitário Leide das Neves.

Em 1986 se dedicou a se tornar um dos discípulos dos Mestres Boca Rica, João Grande, João Pequeno e do Grupo Filhos de Angola de Cosme de Faria, do Centro Cultural Salvador/Bahia. Dois anos depois, de volta a Goiânia, funda o Grupo Só Angola e passa a buscar o reconhecimento para as manifestações culturais tradicionalmente afro-brasileiras desenvolvidas em Goiás.

O título de Mestre veio das mãos do próprio Mestre Boca Rica, no ano de 1997.

Mestre Vermelho teve seu trabalho reconhecido por Goiás. O título oferecido pela Assembleia Legislativa veio no ano de 2013, por sua ação de defesa, promoção e proteção dos direitos humanos. Do município de Goiânia recebeu a Placa Afirmativa por contribuições e ações efetivas para o fim das desigualdades sociais e raciais na capital. O Troféu Buritis também foi oferecido ao Mestre, por sua relevante contribuição à cultura da cidade. Em 2014, Mestre Vermelho foi um dos convidados especiais do evento de Capoeira Angola realizado em Bordeaux, na França.

 

 

12º Encontro Goiano de Capoeira Angola e Samba de Roda e Festival Goiano de Capoeira Angola

 

 09 a 11 de setembro de 2016 (sexta, sábado e domingo)

 

Associação de Capoeira Angola do Estado de Goiás (Grupo Só Angola) - Ponto de Cultura Buracão da Arte

 Rua SR 58 com SR 70, Quadra 85, Lote 16, Recanto das Minas Gerais, Goiânia/GO -

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 Entrada Franca

 

 

 

 

PROGRAMAÇÃO:

 

9 de setembro (sexta feira)

16h - Oficina de Viola - Grupo Samba Chula São Braz (BA)

17h - Oficina de Cavaquinho - Grupo Samba Chula São Braz (BA)

19h - Abertura Oficial (Coquetel / Roda de Capoeira Angola / Jongo Iracema - Mestre Tuisca (GO) / Show Angoleiros do Samba (GO)

 

10 de setembro (sábado)

9h - Oficina de Pandeiro & Ritmo Samba de Roda - Grupo Samba Chula São Braz (BA) - Festival Goiano de Capoeira Angola

9h - Oficina de Ritmo - Mestre Vermelho (GO) - Festival Goiano de Capoeira Angola

11h - Oficina de Cavaquinho - Grupo Samba Chula São Braz (BA)

14h - Oficina de Capoeira Angola - Mestra Jararaca (BA)

14h - Oficina de Capoeira Angola - Mestre Caçador (GO) - Festival Goiano de Capoeira Angola

16h - Oficina de Dança - Sambadeiras Grupo Samba Chula São Braz (BA)

17h - Bate Papo com Mestres convidados: Mestre Vermelho (GO); Mestre Boca Rica (BA); Mestre João do Boi (BA); Mestre Caçador (GO); Mestre Jararaca (BA)

18h - Roda de Capoeira Angola - Festival Goiano de Capoeira Angola

21h - Show Samba Chula de São Braz / Mestre João do Boi (BA)

 

11 de setembro (domingo)

14h - Oficina de Canto - Grupo Samba Chula São Braz (BA)

15h - Oficina de Capoeira Angola - Mestra Jararaca (BA)

17h - Oficina de Percussão - Mestre Caçador (GO) - Festival Goiano de Capoeira Angola

18h -Encerramento com Samba de Roda

Última modificação em Domingo, 04 Setembro 2016 22:12

1 Comentário

  • Link do comentário Lucíola Castro Silva Lucíola Castro Silva Domingo, 04 Setembro 2016 22:32

    04/09/2016

    CARTA ABERTA DO MAESTRO JOHN NESCHLING

    Eu já havia dado um depoimento exaustivo de mais de cinco horas para a CPI que investiga o Theatro Municipal. Estava ainda perplexo com a forma prepotente, autoritária e arrogante com que esses senhores reagiram ao fato de me recusar a participar da acareação com dois corruptos confessos, (sempre tratados por eles como heróis éticos) tentando cassar meu passaporte e suspender minha remuneração, abusos que foram prontamente corrigidos pela Justiça. E então, houve aquela atitude indizível dos nobres vereadores de obrigar minha esposa, a escritora Patrícia Melo, a depor na sessão de quarta-feira passada no escopo de uma investigação que tem evidentes objetivos político-partidários. Confesso que, naquele instante, cheguei a admitir ser o momento de deixar o Theatro. Afinal, há limites para tudo. Mesmo numa guerra, há limites.

    Assim, resolvi marcar uma conversa com o Sr. Prefeito na sexta-feira. No nosso encontro, ele me reafirmou o que vem dizendo publicamente: que apenas por uma determinação clara da Controladoria (caso houvesse provas ou indícios de malfeitos da minha parte - o que não era o caso) ele me demitiria. Afirmou, no entanto, que entendia minhas dificuldades e garantiu que respeitaria qualquer decisão que tomasse. A conversa me deixou tranquilo e decidi avaliar a situação.

    A incrível e desonesta matéria de Adriana Ferraz publicada no Estadão (edição 3/9/2016) me fez tomar uma decisão. A jornalista, inscrita como membro da equipe de Marta Suplicy no Facebook, escreve de forma a induzir o leitor a pensar que sou um corrupto envolvido no desvio de R$ 15 milhões e nem sequer cita o nome dos réus confessos. Ao ler a reportagem, lembrei-me de um texto do filósofo Baudrillard que diz que uma das características mais assustadoras do nosso tempo é o fato de a realidade não mais existir, de ela ser constantemente suplantada por algo inventado, distorcido, uma realidade midiática, com a função não de informar, mas de entreter.

    Na verdade, desde que levei ao Sr. Prefeito Fernando Haddad, em setembro de 2015, as minhas suspeitas de que algo de errado ocorria na administração do IBGC e da FTM passei a ser vítima de ataques inclementes da imprensa que, sem ter uma prova sequer de meu envolvimento nos fatos, me incluía e ainda me inclui sistematicamente como corresponsável num rombo de muitos milhões de reais na administração do TM.

    Jornalistas têm ido atrás de meus amigos, colaboradores no exterior, e até mesmo da minha ex-mulher na Austrália tentando colher algo que me desabone. Nem disfarçam. Em suas matérias, inventam ilegalidades relacionadas a meus colaboradores mais próximos, desvirtuam informações, distorcem fatos, omitem informações importantes, e não demonstram nenhum pudor em demolir minha imagem e um trabalho de anos que levou o TM a um reconhecimento nacional e internacional inéditos na sua história.

    Em muitas ocasiões, ficou patente que certos repórteres estavam (e estão) sendo alimentados pelo próprio Ministério Público, que também investiga o Theatro. Depoimentos e materiais foram (e são) vazados para imprensa antes mesmo de serem anexados aos autos. Desde o início do ano tem sido assim.

    Na verdade, a imprensa, na sua fúria condenatória, reflete bem o espírito da investigação conduzida pelo Ministério Público. Por duas vezes, em março e em agosto, requeri ao Promotor que cuida do caso que tomasse meu depoimento, ocasião em que poderia esclarecer de forma cabal as dúvidas que porventura pairassem sobre a minha atuação como Diretor Artístico do TM. Os dois requerimentos foram negados e até hoje não fui ouvido naquela investigação. O Sr. Promotor Público afirmou em mais de uma ocasião, o que foi inclusive publicado na imprensa, que estava convencido de que eu deveria ser afastado de minhas funções, antes mesmo de concluir as investigações. Chegou a pedir à Justiça, em junho, sem que eu ou meu advogado soubéssemos, o meu afastamento de minhas funções, pedido negado pelo Juiz. No meu entender, o Promotor Público, que afirma ter provas cabais de meu envolvimento em malfeitos, mas não as apresenta, não está mais investigando, mas sim elaborando a tese de minha culpa, com sua convicção formada. Tão formada que, em agosto deste ano, Paulo Dallari, com quem nunca tive uma única altercação nos meses em que trabalhamos juntos, pediu o afastamento de suas funções na FTM e no IBGC e declarou que essa atitude se devia à minha permanência no meu cargo. Afirmou que não estava podendo cumprir um acordo com o Ministério Público, que me afastaria da Direção Artística do TM!

    Adriana Ferraz, na sua violenta investida (explicada em parte por seu engajamento na campanha de Marta Suplicy – que feio!) conseguiu me convencer que não devo deixar o Theatro.

    Devo ficar para provar o que não fiz. Devo ficar e continuar provando, como venho fazendo há 9 meses, que não sou culpado dos crimes dos quais os delatores me acusam, sem provas. Vou ficar porque não posso aceitar que, no Brasil de hoje, a palavra dos criminosos confessos possa valer mais do que a presunção de inocência dum homem honrado e a ausência de provas contra ele. Vou ficar porque acredito na Justiça.

    Vou ficar porque, mesmo à beira de meus setenta anos, com cinquenta anos de trabalho como regente e administrador de projetos tão ou mais sofisticados do que o do TM, e com uma reputação internacional ilibada, ainda posso dizer que sou bom de briga.

    Vou ficar porque tivemos muitas conquistas. Porque celetizamos todos os músicos, técnicos e bailarinos. Porque criamos departamentos técnicos e artísticos no Theatro que permitiram que tantos artistas estrangeiros e brasileiros que conosco colaboraram nesses últimos anos considerassem a nossa atuação como referencial para outros teatros nacionais e internacionais.

    Vou ficar porque não fiz isso sozinho. Vou ficar pelas centenas de colaboradores do TM, na querida OSM, cujo trabalho sério, organizado, disciplinado a ergueu a uma das melhores orquestras do nosso continente, no Coro Lírico, que provou por inúmeras vezes a sua disposição por um trabalho cênico sério, que com disciplina e consciência é um dos grandes Coros da América Latina, no coral Paulistano, e no Ballet da Cidade, com sua reputação nacional e internacional intactas. Vou ficar por mim, e pelos técnicos e trabalhadores que me deram apoio e infraestrutura atrás das coxias. Por todos os colegas sem os quais jamais poderíamos ter alcançado o nível que alcançamos, sem os quais não teríamos amealhado o numerosíssimo público que nos brinda com seu apoio noite após noite.

    Vou ficar porque não há razão para eu sair. Vou ficar porque sou inocente.

    É verdade: o TM neste momento está moribundo, sobrevivendo a custa de aparelhos, numa UTI em que a política interfere de maneira desastrosa. Sua sobrevivência está por um fio. Os coveiros de plantão, na Câmara dos Vereadores e na imprensa estão à espreita e loucos para deporem o cadáver do Theatro no túmulo dos sonhos impossíveis.

    Mas eu vou ficar, ao menos enquanto continuar a gozar da confiança do sr. Prefeito. Vou ficar porque muita gente acredita em mim. Porque muita gente quer de coração que estes desejos malditos não prosperem e que nos próximos meses a normalidade volte a imperar nos trabalhos do TM.

    É por isso que vou ficar. Vou continuar perseguindo, com a ajuda de muitos que amam o Theatro como eu, a buscar a excelência com a mesma paixão que sempre caracterizou o meu trabalho.

    Viva o palco de São Paulo!

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